A Arte do Espresso Ruim (Estendido)
Hoje em dia eu considero como amizade o que se deixa sobre o resto entre uma xícara e outra. Tenho tentado construir um lugar para chamar de meu, um cantinho onde eu me sinta pertencente, mas o espresso contra-ataca. Olho para a tela do celular, o feed do instagram. Nada de interessante exceto pelas artes digitais de artistas desconhecidos. É preciso ter bastante cuidado para não se afogar no mar de anúncios. Um recado rápido sobre peitos, outro sobre otakus. Mas acontece que a máxima da contemporaneidade é sobre se informar. Por mais que eu tente, não acredito ser capaz de fugir da nostalgia. Por diversas vezes me flagro na lembrança da moça desmistificando o artista pobre e incompreendido. Acho que nunca vou entender o que ela quis dizer. Só o que sei é que é engraçado o fato disso passar na minha mente como se fosse um filme. E no calabouço de meus pensamentos eu sinto um neurônio gritar: “‘Crime político’ meu edi”. Uma carga elétrica que conduz a uma resposta sobre bullying. Esses dias mesmo eu descobri que, sobre o escudo da opinião, todo mundo tem respostas sobre coisas que não entendem. Sexualidade, gênero, Estado laico.
Sobre se informar… Por exemplo, a televisão nunca foi o melhor meio para se informar. Nos dias de hoje, será que podemos dizer o mesmo sobre a internet? Uma pessoa possivelmente sensata talvez diria que depende. Mas depende do quê? Eu não me sentiria confortável ao deitar sobre um colchão constituído de informações de qualidade duvidosa. Teria insônia.
Por outro lado, acredito que o orgasmo é importante na vida das pessoas. Mas será que ele é tão importante assim? Será que o fato de as pessoas raramente chegarem a um orgasmo “verdadeiro” implica em uma supervalorização do orgasmo? Isso porque as pessoas são diferentes umas das outras. Há quem utilize da existência da sensação do orgasmo para obter informações. Mas há também aqueles que se utilizam de informações para obter a sensação do orgasmo. E não podemos esquecer daqueles que alternam entre um e outro. O meu sistema nervoso alimenta expectativas quanto à Alice levar um recado extra para os fãs. Mas poxa vida, como é possível uma identidade visual se perder num País com tantas maravilhas? Eu ia gravar um vídeo para expressar como eu me sinto em alguns momentos específicos, mas me espresso ruim. A verdade é que eu queria deixar de sentir, deixar de ser humano, mas estou macchiato de afetos.
